Data de lançamento: 18/ 01/ 2018
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg e outros
Gêneros: Drama, Romance
Nacionalidades: França, Itália, EUA, Brasil
A descoberta do sexo ‒ e também da sexualidade ‒ é um tema recorrente no cinema, tal como é na vida de todo adolescente. Já surgiu no vencedor do Oscar de Melhor Filme, Moonlight, no clássico francês Azul é a cor mais quente e também surge em Lady Bird ‒ É hora de voar, que concorre ao Oscar em 2018. Em Me chame pelo seu nome, Elio (Timothée Chalamet) mora no interior da Itália com seus pais e recebe a visita de um rapaz enigmático, chamado Oliver (Armie Hammer), por quem desenvolve uma paixão avassaladora.
Embora o filme seja ambientado nos anos 1980, um certo ar de atemporalidade paira sobre a história. Não há visões ou comportamentos que apontem para o tempo histórico no qual a história se passa. Ainda que a escolha do período seja uma mera decisão estética, é uma decisão que evidencia como o filme administra suas escolhas fílmicas: com arbitrariedade e pouca intenção.
Tal como o ano no qual a história se ambienta, a trilha sonora paira pela obra sem dizer a que veio, sendo, principalmente no início, um alarme insistente que acorda o espectador, distraindo-o da história. A canção Mystery of Love, indicada ao Oscar de melhor canção original e utilizada nos materiais de divulgação do filme, aponta um caminho para a trilha sonora, mas antes de surgir na trama, o espectador se vê às voltas com os toques de celular transmitidos pelo filme.
É angustiante a forma como o filme lida com o seu tempo de tela. Durante as mais de duas horas de filme, há pouco senso de narrativa na sua forma mais básica: ação e reação. As sequências da história, geralmente um looping repetitivo de ações (banhos de piscina, cafés da manhã ao ar livre e Elio perguntando sobre o paradeiro de Oliver), poderiam muito bem estar fora de ordem, pois não apresentam linearidade e tampouco guiam o espectador para algum ponto do conflito interno das personagens.
As belas paisagens do interior da Europa e a dinâmica envolvente entre os atores ‒ que transcendem as suas personagens, entregando com olhares o que o texto não provém ‒ torna Me chame pelo seu nome uma obra muito mais contemplativa do que narrativa. É como olhar para um quadro na parede ‒ um quadro com imagens que se movem, naturalmente ‒ por pouco mais de duas horas. Tudo o que há de história, tudo o que há de relações entre as personagens é muito mais dedução do público do que um elemento narrativo nítido.
No mais, o filme aborda o romance por uma outra perspectiva, que dispensa o sexo biológico em prol de um senso de humanidade. Em nenhum momento o filme parece estar falando de um romance entre dois homens, mas entre dois seres humanos. Sem levantar bandeiras LGBTQs, o filme levanta uma bandeira da humanidade, importando-se muito mais com a beleza do relacionamento entre as personagens do que com definições de suas sexualidades.