Vidas à deriva

Data de lançamento: 09/08/2018

Direção: Baltasar Kormákur

Elenco: Shailene Woodley, Sam Claflin, Jeffrey Thomas e outros

Gêneros: Drama, Romance, Aventura

Nacionalidade: EUA


 

Ao longo dos anos, Hollywood produziu muitos filmes com a temática da sobrevivência. Histórias dramáticas intensas que beiram a impossibilidade, colocando as suas personagens humanas no limite entre a vida e a morte. São tantos os filmes, que quase chegam a constituir um gênero próprio, um subgênero da ação e do drama. No meio dessa produção, vez ou outra encontra-se pérolas da cinematografia como é o caso de As Aventuras de Pi, longa-metragem que chegou a ser indicado ao Oscar. Outras vezes, encontra-se também o básico, o feijão com arroz (por vezes faltando tempero).

Vidas à deriva, como muitos filmes deste tipo, baseia-se em uma história real. Neste caso, a do acidente de Tami Oldham e Richard Sharp. Um grande problema de se contar estórias baseadas em pessoas reais é traduzir, em elementos cinematográficos, a história real. Neste filme, como em muitos outros, falha em construir as figuras fictícias de Tami e Richard, e confia na gravidade do acidente para que o público compreenda as personagens. O resultado não poderia ser outro: figuras genéricas e de difícil identificação com o público.

No lugar de uma construção sistemática das personagens, o roteiro confia na construção da relação entre as personagens (também mal desenvolvida), que consiste simplesmente na narração de momentos isolados da vida do casal. A montagem do filme também não é de grande ajuda. As cenas do passado das personagens são intercaladas com cenas de Tami e Richard à deriva, após o acidente. A montagem do filme é extremamente metódica e não funciona narrativamente de jeito nenhum. De uma cena para a outra, a mudança de tom é gritante e transforma radicalmente o significado das cenas. Certamente o pior elemento do filme, a montagem aparenta ser impensada e completamente amadora.

Não se dá para dizer que Vidas à deriva seja um filme medíocre. A fotografia subaquática é muito boa, e usada com muita inteligência, os atores são bons e não se deve culpa-los pela falta de profundidade das suas personagens. O problema é que para cada elogio que se faça a obra, um parêntese deve ser aberto em seguida: A fotografia é boa, mas a computação gráfica é apenas razoável; os atores são bons, mas suas personagens não são… O filme simplesmente não consegue, com as falhas que tem, superar o razoável.

Por fim, o clímax do filme é irrelevante, uma vez que toda a carga dramática paira sobre a tempestade e o naufrágio, acidente este que já conhecemos as consequências. Assim, o roteiro se vê obrigado à “inventar um clímax” em cima de uma revelação vazia que nem surpreende, nem emociona, porque recorre à gatilhos emocionais demais e a uma necessidade de explicação para o público, já que a revelação não é entregue com clareza suficiente.

Longe de ser o pior filme de todos os tempos, Vidas à deriva é apenas um filme razoável, que não consegue superar os seus problemas e não oferece nada de especial para o espectador. É um filme básico por demais, o que não é compatível com uma história de sobrevivência que deveria levar o público ao limite das suas emoções.

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