Mentes Sombrias

Data de lançamento: 16/ 08/ 2018
Direção: Jennifer Yuh Nelson
Elenco: Amandla Stenberg, Harris Dickinson, Miya Cech e outros
Gênero: Ficção científica
Nacionalidade: EUA


 

As franquias jovens, especialmente as com inspiração na literatura infanto-juvenil, encontraram na adaptação cinematográfica um grande mercado, e são constantes as produções desse tipo que estreiam todos os anos. Contudo, é muito difícil encontrar grande qualidade nessas produções. Os bons trabalhos se destacam, como é o caso de Harry Potter, Jogos Vorazes e Maze Runner. Os ruins ficam pelo caminho, como o caso da saga Divergente, que teve sua conclusão cancelada, após o fracasso que vinha fazendo.

Mentes Sombrias é certamente um caso negativo. O filme conta a história de uma realidade apocalíptica na qual uma pandemia é responsável por matar uma parte das crianças e dar poderes à outra. Dentre às crianças dotadas de habilidades, a jovem Ruby (Amandla Stenberg) descobre seus poderes após acidentalmente apagar-se da mente de seus pais e desde então passa a viver por si mesma. Ruby encontra um grupo de crianças com habilidades e se junta a eles, à procura de um refúgio.

Em geral, as histórias distópicas apresentam uma “função” muito clara: criticar ou apontar alguma coisa que já esteja presente na nossa sociedade e, para tal, utiliza-se do exagero narrativo para provocar um mundo hipotético no qual essa questão é muito mais clara. Não é o maior problema do filme, mas daí já é possível identificar que Mentes Sombrias caminhava rumo ao caos. Afinal, trata-se de uma distopia vazia, sem nada para comentar. Partindo de uma premissa na qual metade das crianças morre e outra metade ganha poderes, o roteiro é incapaz de comentar sobre as mortes de crianças, sobre como essa sociedade pode crescer ou qualquer tema correlacionado. A história se foca exclusivamente na metade dotada de poderes, e ainda trata-a como um problema, desconsiderando que a alternativa aos poderes era a morte.

O filme está muito longe de ser um “X-men sem mutantes”. Mesmo os personagens da Marvel eram capazes de contestar o preconceito contra as minorias, em um discurso muito potente nas histórias em quadrinhos. Não haveria qualquer problema em Mentes Sombrias ser uma história vazia de significados, se a história fosse forte e se bastasse. O que, definitivamente, não acontece.

Não é preciso adentrar nas inconsistências (e são muitas) que surgem em vários momentos do filme, para criticar negativamente a obra. Todo o texto de Mentes Sombrias parece ter sido escrito com base em uma lista de itens pensados para agradar os jovens. O resultado é esse filme completamente desconjuntado. Uma pitada de romance (sem qualquer química entre os atores), algumas referências à Harry Potter (injustificada e fora de timing) e cenas de adolescentes se divertindo (nos piores momentos dramáticos possíveis).

Se faltava algum erro de projeto à Mentes Sombrias, não mais falta. O filme, claramente pensado para jovens, surge de repente com uma cena desnecessária de tentativa de estupro, somente para tornar o filme impróprio para menores de 16 anos e afastar a parcela de jovens que talvez pudesse relevar os milhares de problemas e se interessar pelo produto. Um desastre com D maiúsculo.

Deixe um comentário

search previous next tag category expand menu location phone mail time cart zoom edit close