Data de lançamento: 10/ 05/ 2018
Direção: Jonathan Goldstein, John Francis Daley
Elenco: Jason Bateman, Rachel McAdams, Kyle Chandler e outros
Gêneros: Comédia , Ação
Nacionalidade: EUA
Um casal muito competitivo, Annie (Rachel McAdams) e Max (Jason Bateman), resolve marcar uma noite de jogos com seus amigos de sempre, mas o irmão dele, Brooks (Kyle Chandler), inventa um jogo novo que envolve um sequestro que eles deveriam solucionar. A situação é mais realista do que os amigos esperavam e eles se veem envolvidos em uma perseguição à sequestradores que pode ou não ser parte do jogo de Brooks.
O que há de mais interessante a se analisar em A noite do jogo é como uma história de uma situação cotidiana (uma noite de jogos com os amigos) consegue ser subvertida em um evento de proporções drásticas, na qual os jogadores, pessoas comuns com conflitos nada extraordinários, enfrentam situações totalmente fora do comum. Essa é a grande genialidade por trás dessa história. É evidente que é a isso que quase todo filme de ficção se pretende, em alguma medida, mas poucos são tão certeiros, principalmente quando se trata de um filme “de gênero” (ainda que eu abomine essa denominação), a comédia.
Em primeiro lugar, há de se falar dos conflitos entre as principais personagens da história. O desenvolvimento dramático entre os “jogadores” é muito interessante e cada um sustenta suas próprias histórias, do início ao fim do filme. A forma como esse desenvolvimento é dado é muito típica das séries de comédia, especialmente comédias de situação (do inglês, sitcom), nas quais os conflitos dramáticos são resolvidos dois a dois. Max e Annie querem ter um filho, mas sabem que isso mudará suas vidas. O reaparecimento de Brooks faz Max querer vencê-lo em algum jogo. Um dos casais de amigos discute porque ela pode tê-lo traído com uma celebridade. Par a par, os conflitos se resolvem nos diálogos, na sua maioria muito engraçados, mas completamente mundanos.
Também no desenvolvimento da história, mesmo quando os jogadores estão mais importados com as suas vidas e a de Brooks, sequestrado, do que com um possível jogo que devem vencer, o nome A noite do jogo se faz valer. A história consegue de forma cômica transcrever o universo dos jogos para as soluções de ação do filme. Quando os amigos se veem precisando fugir, jogam bola (ou, pode-se dizer, no Brasil, “bobinho”). Quando precisam se comunicar em silêncio, jogam mímica. Dessa forma, o universo de jogos se vê inscrito nas aventuras do grupo que, ainda que tenha “perdido” sua noite de jogos, continuam jogando para se livrar das situações complicadas.
A noite do jogo consegue resolver muito bem a história, respeitando as convenções da comédia. É um filme extremamente engraçado que usa de todo o seu potencial cômico para desarmar situações violentas, mas sem ser exagerado ou desvirtuoso para com o universo a que se propõe. É um filme com uma personalidade muito forte, contudo, especialmente atencioso a uma formatação clássica de roteiro. Audacioso, porém muito obediente e cativante.
Cinema Mudo 