Um lugar silencioso

Data de lançamento: 05/ 04/ 2018

Direção: John Krasinski

Elenco: John Krasinski, Emily Blunt, Millicent Simmonds e outros

Gêneros: Suspense, Terror

Nacionalidade: EUA


Na primeira parceria entre Emily Blunt e seu esposo John Krasinski (que, além de atuar, assina a direção, o roteiro e a produção executiva do longa), Um lugar silencioso apresenta a história de uma família habitante de um planeta Terra invadido por uma raça alienígena que, apesar de cega, é capaz de caçar seres humanos pelo som. A família, vivida por Blunt, Krasinski e pelos jovens atores Millicent Simmonds e Noah Jupe, tenta encontrar meios de sobrevivência nesse mundo perigoso fazendo o mínimo de barulho possível, uma solução complicada, principalmente devido à gravidez da mãe que se aproxima do parto.

A proposição de Krasinski em montar um filme no qual seus atores quase não teriam falas verbais sugere mudanças de paradigma narrativos, uma estratégia ousada para o gênero do terror, que geralmente necessita da linguagem, não apenas para os famosos gritos de horror, mas para composição de personagens. Não podemos dizer, no entanto, que Um lugar silencioso é um filme “sem falas” e não apenas pelas duas sequências de diálogos verbais, mas também das linhas de conversa em linguagem de sinais, que serve, em grande parte, para retomar ao filme as formas narrativas clássicas. Ainda que Krasinski tente trazer esse algo de novo para a sua produção, é lamentável que essa novidade não apareça em nenhum momento sequer.

Para princípio de conversa, a ausência de diálogos verbais prejudica e muito o roteiro no que tange ao estabelecimento de um contexto narrativo, um espaço para o desenvolvimento da ação. Quando, no início da história, o espectador precisa encontrar as informações sobre a raça alienígena e os detalhes da invasão à Terra em jornais e anotações dos sobreviventes, as informações são quase sempre diretas, imprecisas e vagas. Num contexto inicial, isso não incomoda, e se faz bem natural, mas no decorrer da ação, quando as informações se fazem necessárias para a resolução do conflito, a ausência de dados torna o final inconsistente e falho.

Somado a isso, toda a contribuição de Kransinski para o cinema de terror é um filme com a ausência de gritos. No geral, Um lugar silencioso repete padrões e convenções do gênero, especialmente pelo uso da trilha sonora como um indicador melódico de surpresas para o espectador. No lugar da grande revolução que o filme poderia causar, tudo o que obtemos é uma produção mediana com algumas falhas de roteiro e que cumpre o que se espera de qualquer filme de terror.

Os grandes destaques do filme são os atores jovens, que demonstram uma maturidade em sua atuação para muito além do que se espera de atores juvenis interpretando papéis sem uso da voz. A mixagem de som também cumpre um papel importante colocando em destaque sons quase inaudíveis para nós e favorecendo a aura de inquietação com os longos silêncios da história.

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